cop 30

COP 30 é uma oportunidade de aproximar a Amazônia do mundo

A avaliação é da Joanna Martins, CEO e fundadora de uma empresa que expande os horizontes dos ingredientes típicos da região

Joao

em 14 de março de 2024


A CEO e fundadora da Manioca, Joanna Martins, acredita que a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30) vai ser um marco para o desenvolvimento sustentável da região amazônica. Líder de uma empresa que transforma ingredientes da Amazônia em alimentos naturais, Joanna defende a valorização destes elementos e enxerga a COP 30 como uma oportunidade que o mundo tem de se aproximar daquilo que tanto debatem.

Joanna, ainda em 2014, resolveu criar a marca com o intuito de “desenvolver alimentos que, de forma simples, podem estar no dia a dia do consumidor, no Brasil e no mundo, sempre levando os sabores autênticos da maior biodiversidade do planeta, de forma 100% natural”. Ela explicou à CNI que a ideia de empreender surgiu a partir da necessidade de conectar os demais estados brasileiro à região amazônica através da culinária. 

Joanna Martins (Foto: Reprodução/Manioca via LinkedIn)

De acordo com a empresária, grande parte das pessoas sequer conhece os alimentos típicos da região. Um exemplo disso foi a música “Voando pro Pará”, interpretada por Joelma,  que no final de 2023 viralizou nas redes sociais e despertou interesse acerca de um prato típico local, o tacacá. A curiosidade foi tanta que se tornou a comida mais pesquisada no Google do ano. Isso demonstra a falta de conhecimento e proximidade com a cultura da região norte do país e reforça a percepção de Joanna há 10 anos.

Uma das preocupações do negócio é o impacto socioambiental que promove, o que corrobora com a posição de diálogo com a biodiversidade, cultura e cadeias produtivas. O empreendimento envolve comunidades indígenas e quilombolas que, apesar de apresentarem matéria-prima de alta qualidade, não são profissionalizadas. Diante disso, a empresa desenvolveu o programa de capacitação chamado “Raízes”. Dessa maneira o Manioca contribui para uma produção sustentável.

“O Manioca é uma foodtech, mas é sobretudo um negócio de impacto socioambiental. Sempre me incomodava a visão do restante do Brasil sobre a Amazônia, como se fossem apenas quilômetros de floresta. Temos mais de 15 milhões de pessoas na região. Precisamos valorizar o que é nosso para gerar renda aqui”, explicou Joanna em entrevista ao Meio&Mensagem.

O que esperar da COP 30

A ser realizada em Belém, no Pará, a COP 30, na visão da CEO, vai ser uma chance para os países saírem do campo teórico e conhecerem de perto a floresta, a cultura, o povo e as atividades do local.

“É uma oportunidade para o mundo começar a conhecer a Amazônia de fato. O mundo inteiro se interessa pela Amazônia, fala da Amazônia, mas não a conhece. Conhecer pelos livros não é a mesma coisa do que conhecer ao vivo. Então, para além das divisas de curto prazo que o turismo pode angariar com a COP 30, milhões de oportunidades podem surgir”, disse Joanna.

Ainda segundo Joanna, é preciso se preparar para a COP e entender que ela não tem um caráter finalista. Nesse sentido, ela avalia que a conferência é um dos passos e que pode acelerar processos, mas é preciso ter cuidado na busca por desenvolvimento de um ecossistema de bioeconomia.

“Essa aceleração pode não ser tão boa, porque é um território que ainda carece de muitas questões básicas. Então, é importante que a gente tenha um certo cuidado com essa aceleração, porque o tempo da Amazônia é outro. É muito importante que a gente consiga esse equilíbrio”, ressaltou.

Outro tema que deve ser debatido na COP é o mercado de carbono. O governador do Pará,  Helder Barbalho, abordou o assunto em webinar da Coalizão LEAF, realizado em 12 de março.  Segundo ele, o objetivo é tornar o carbono uma commodity. Na ocasião, Barbalho apresentou o sistema jurisdicional de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) do Pará, para gerar créditos de carbono.

“Precisamos fazer com que a floresta viva se torne um novo ativo econômico e dentro da PEMC (Política Estadual de Mudanças Climáticas), implementamos o mercado de carbono como um desses pilares. Neste sentido, o Pará tem trabalhado no processo de construção de suas políticas, indo até as comunidades, ouvindo as demandas para que tenhamos o melhor ambiente para a sociedade e o melhor cenário no mercado internacional”, esclareceu o político.