Foto: blog Mepel
focos de incendio
Foto: blog Mepel

Focos de incêndio acendem o alerta para agropecuária sustentável

Brasil lidera ranking de focos de incêndio na América do Sul e vê agropecuária sustentável como alternativa para reduzir emissão de GEE

Redação

em 10 de agosto de 2023


Dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), demonstram que o Brasil liderou o ranking de países com mais focos de incêndio da América do Sul entre janeiro e meados de julho deste ano. O país, que está a mais de 7 mil focos à frente da Venezuela (segundo colocado), pode ter resultados ainda piores com a chegada da estiagem. Os números, que não apresentam melhora desde 2021, servem de alerta, principalmente, para produtores rurais.

No período de seca, queimadas naturais ou ocasionadas por atividades humanas se tornam ainda mais perigosas e necessitam de um olhar cuidadoso para que não se tornem  grandes incêndios. O agricultor, dono de quatro fazendas em Minas Gerais, Dirceu Júlio Gatto, confirmou à empresa Mepel, de acordo com comunicado enviado à imprensa, que nos meses de estiagem é preciso “redobrar a atenção e estar preparado para qualquer eventualidade, protegendo, principalmente, nossas reservas e Áreas de Preservação Permanente (APPs)”.

Agropecuária sustentável pode reduzir focos de incêndio

Mais do que redobrar a atenção para conter os riscos de perdas ambientais e financeiras, o agronegócio brasileiro pode agir na redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE). O Brasil tem mais de 150 milhões de hectares de pasto e, por isso, não precisa de um espaço maior para aumentar a produção, mas sim de continuar evoluindo para encontrar maneiras mais eficientes de aproveitá-lo. 

Ao combinar a capacidade de produção de alimentos com a geração de energia limpa e uso inteligente de água, portanto, o país pode se tornar uma potência na agropecuária sustentável, tema a ser debatido na COP 28

Medidas como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) prevê a neutralização das emissões de metano ao preservar a vegetação nativa. Com a proposta de sequestrar os gases de efeito estufa, o sistema com a presença de árvores pode compensar a emissão de até dez animais, resultado melhor do que a compensação de dois animais em um sistema de pasto bem manejado, segundo a Embrapa.

A adoção de tais providências minimiza o agravamento do aquecimento global que, por sua vez, tem como consequência secas mais fortes e queimadas mais frequentes. 

Panorama brasileiro

O cenário atual brasileiro mostra que o Cerrado é o bioma de maior incidência de focos de incêndio do país, com 13.587 ocorrências ou 46,7% do total. No entanto, o número corresponde a uma queda de 6% quando comparado ao mesmo período do ano passado. Em contrapartida, a Caatinga teve um aumento de 71% na detecção de focos de incêndio, o que o torna o bioma com maior taxa de descontrole. Já o Pantanal reduziu em 66% os casos. 

Em relação aos estados, as pesquisas do INPE indicam que o Mato Grosso abriga a maior quantidade de focos detectados, com 6.793, o que corresponde a 75% do total da região Centro-Oeste. Na região Nordeste, segunda com maior concentração de focos de incêndio, o Maranhão e a Bahia somam 5.833, entre os 8.048 focos registrados.