Política nacional de rastreabilidade em discussão
Realizado em Brasília, em outubro, evento foi organizado em parceria com entidades envolvidas na agenda da rastreabilidade
Um evento organizado em parceria pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, iniciativa Boi na Linha, Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável (MBPS) e Grupo de Trabalho de Fornecedores Indiretos (GTFI) movimentou a agenda de debates sobre rastreabilidade no Brasil. Brasília (DF), recebeu o setor para discutir a implementação da Política Nacional de Rastreabilidade. A proposta é consolidar o país como um líder mundial na economia de baixo carbono – e o agronegócio tem um papel fundamental para isso. Nesse sentido, de acordo com a organização do evento, é preciso garantir que as cadeias do agro estejam livres de desmatamento e qualquer outra irregularidade socioambiental. E isso só será possível com a rastreabilidade de toda a cadeia.
As cadeias de soja e de carne bovina, produtos que o Brasil lidera a exportação mundial, estão no topo das listas de discussão. O país ainda não tem sua política nacional de rastreabilidade socioambiental para essas commodities.
Para Carolle Alarcon, coordenadora de Advocacy da Força-Tarefa (FT) Rastreabilidade e Transparência da Coalizão, é preciso acompanhar o mercado internacional para desenvolver o interno. “A necessidade de responder a demandas do mercado internacional fez com que a (FT) encampasse a pauta, considerando a complexidade das cadeias de commodities no Brasil. O ponto de partida foram estudos relacionados aos casos da pecuária e da soja”, declarou.
Como foi a oficina sobre a política nacional de rastreabilidade?
Os pontos principais da discussão foram relatados em um documento que será uma contribuição para a política nacional de rastreabilidade e transparência para a soja e a pecuária.
“Sabemos que há vários grupos, coletivos e entidades debatendo esse tema. A oficina foi realizada para começarmos a formar consensos, a partir dos insumos trazidos pelas organizações participantes, para que possamos entender onde estamos, quais são as prioridades e o que precisamos, de fato, demandar dos setores público e privado”, explicou Fernando Sampaio, diretor de Sustentabilidade da Abiec e colíder da FT de Rastreabilidade e Transparência da Coalizão.
A produção de carne está em um estágio mais avançado em relação à rastreabilidade do que a soja. “No caso do grão, as ideias apresentadas precisam de discussões mais aprofundadas, mas pudemos fazer um brainstorming de potenciais soluções, além de tentar entender como as iniciativas para a cadeia de carne podem ser adaptadas para esta outra commodity”, explicou Isabella Freire, codiretora de América Latina da Proforest.
Sobre a soja, há dificuldade em atrelar o volume do produto recebido no destino à propriedade de origem. Por exemplo, quando há diversos produtores utilizando um mesmo silo, é difícil denominar a origem dos grãos.
Contudo, a partir da discussão da pecuária, algumas ideias podem ser aprimoradas para embasar uma política nacional de rastreabilidade socioambiental que abranja toda a cadeia.