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COP27: Brasil pode ser o primeiro a zerar emissões líquidas de CO2

Pesquisadores no evento informam que Brasil pode zerar emissões até 2040 e agropecuária tem papel decisivo para esse indicador

Redação

em 18 de novembro de 2022


O Brasil pode ser o primeiro país a zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa, segundo afirmaram pesquisadores brasileiros na COP27. Na Conferência do Clima das Nações Unidas, que se encerra nesta semana no Egito, os especialistas indicaram que o fato das emissões do país serem mais conectadas com o uso da terra do que com uso de combustíveis fósseis, dá mais espaço para reduzir as emissões

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Juntas, a agropecuária e as mudanças de uso da terra no Brasil, que incluem desmatamento e fogo associado, respondem por 75% das emissões do país. O que significa que reduzir o desmatamento e alterar o manejo das pastagens pode levar a uma redução de dois dígitos nas emissões brasileiras. Reduzir o desmatamento também é fator para aumentar a absorção de CO2 pela atmosfera.

“Podemos mudar esse quadro com relativa rapidez. É muito possível o Brasil ser o primeiro país com emissões líquidas zeradas, em algum momento entre 2030 e 2040”, explicou Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, durante o Brazil Climate Action Hub na COP27, organizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). O país tem de tudo para liderar a luta contra a mudança climática. 

COP27 e uso da terra

“Cerca de 25% das emissões são retiradas da atmosfera pelas florestas tropicais, com isso, elas resfriam o planeta. São como aparelhos de ar-condicionado naturais”, alertou Michael Coe, diretor do programa Amazônia no Centro de Pesquisa do Clima Woodwell. Ou seja, manter as florestas e a mata nativa é essencial para o mundo, já que, segundo o mapeamento da iniciativa MapBiomas, o Brasil tem 66% do território coberto por vegetação nativa.

A apresentação dos especialistas da COP27 focou em indicar como o manejo do pasto pode ajudar a reduzir a emissão de gases. 

A ocupação do território por soja e pastagem também chama atenção. Cerca de 5% do país é soja: isso é mais do que somadas as áreas urbanas, de mineração e de floresta plantada. Já a pastagem ocupa 20% do território brasileiro. Se pastagens degradadas são fontes de emissão de carbono, pastagens bem manejadas têm papel na absorção do gás.

Em 2020, a rede MapBiomas calculou que 47% das pastagens no Brasil são bem manejadas, número que era de 30% no início dos anos 2000. “Se considerarmos a variação de carbono no solo por manejo de pastagem, podemos tirar mais 230 milhões de toneladas que são absorvidas nos solos agrícolas. E se acrescentarmos nessa conta que é possível reduzir 200 milhões de toneladas de metano, nossas emissões praticamente seriam residuais”, acrescentou Azevedo.