perspectivas agro brasileiro

Rabobank classifica como positiva as perspectivas do agro brasileiro para 2024

Apesar da margem positiva, clima e logística ainda são pontos de atenção

Redação

em 23 de novembro de 2023


O Rabobank Brasil lançou, recentemente, o relatório “Perspectivas para agronegócio brasileiro – 2024”, que classifica como positivas as perspectivas para o agro brasileiro para 2024. Dados como insumos mais baratos, pressão sobre a cotação de soja e milho, que favorecem o segmento de proteínas, e retornos considerados positivos para os produtores de açúcar, café e laranja, corroboraram para a classificação.

Apesar disso, de acordo com a equipe de analistas do Rabobank Brasil, 2024 demandará uma dose de cautela e gestão financeira forte no campo, uma vez que o mundo está enfrentando mudanças climáticas que impactam diretamente no desempenho do agronegócio.

As perspectivas para o agro brasileiro e os efeitos sobre os insumos

Os valores dos insumos no Brasil caíram, diante do cenário global após a pandemia e a invasão russa na Ucrânia, que trouxe impactos aos fertilizantes. Com isso, o custo de produção caiu na safra 2022/23. A tendência, de acordo com o relatório, é atingir patamares ainda mais baixos em 2024.

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Bruno Fonseca, analista do Rabobank Brasil, aponta que o custo de adubação de lavouras de grãos ficou em 36% para a safra 2023/2024. Na prática, isso significa que os clientes finais estão em recuperação, na comparação com os resultados do ano passado. Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), de janeiro a agosto, foram utilizadas 28,6 milhões de toneladas, cerca de 10,4% acima no comparativo com o mesmo período de 2022.

Para o Rabobank, em 2023, as entregas devem representar 43,9 milhões de toneladas. No ano passado foram cerca de 41,1 milhões. Por isso, há a tendência de que, em 2024, o crescimento alcance 45 milhões de toneladas. 

O mercado de grãos

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A soja é considerada o carro-chefe do agronegócio brasileiro. Em 2023, o grão teve colheita recorde e queda de preços, o que impactou na comercialização e criou gargalos logísticos. Por consequência, disputou espaço no mercado com o milho e o açúcar, prejudicando também a comercialização, além do espaço físico em armazéns e portos.  

Segundo Marcela Marini, analista do Rabobank Brasil, a tendência é de que a oferta global alcance 400 milhões de toneladas na temporada 2023/24, o que deve gerar ainda mais pressão sobre as cotações. Por outro lado, segundo ela, para a indústria processadora, a retomada do cronograma de elevação da mistura obrigatória do biodiesel no diesel fóssil vendido no país é bastante positiva. A perspectiva é de que governo deverá autoriza a mistura de 13% em 2024. 

De acordo com o Rabobank, a produção total de milho deve alcançar 127 milhões de toneladas em 2023/24, o que representa uma redução de 5% no comparativo com 2022/23.

As proteínas no cenários de perspectivas do agro brasileiro para 2024

A demanda da China deve continuar impulsionando as cadeias produtivas de carnes bovina, suína e de frango para 2024. Segundo Wagner Yanaguizawa, analista do Rabobank, a China segue como o principal destino das exportações de proteínas animais brasileiras. 

Apesar das mudanças climáticas, o mercado de carne bovina deve se beneficiar com as chuvas, uma vez que isso faz com que o gado permaneça no pasto por mais tempo. Economicamente falando, isso traz poder de barganha nas negociações com frigoríficos. Além disso, a restrição de oferta nos Estados Unidos deve continuar abrindo mais espaço para as exportações. 

Outros cultivos

No mercado de açúcar, a questão logística ainda preocupa. De acordo com Andy Duff, analista do Rabobank, problemas com o escoamento da produção poderão elevar custos. Já o etanol poderá ser impactado pelo preço do petróleo, em função dos conflitos da Rússia e Ucrânia e no Oriente Médio. Em 2023, a remuneração da produção do biocombustível perdeu para a produção do açúcar.

Por outro lado, para os cafeicultores, a oferta e a demanda devem aumentar no Brasil e na Colômbia. Apesar da queda dos preços no exterior, a previsão é de aumento para as exportações brasileiras em 2024. Nesse sentido, o analista Guilherme Morya alerta sobre o monitoramento do El Niño, fenômeno que poderá causar problemas para as lavouras de café, mas, por outro lado, poderá sustentar a questão do preço.