Sustentabilidade e rentabilidade são sinônimos, diz Paulo Pianez 

A redução de emissões de gases é tema de tratados e pactos internacionais e o agronegócio é parte essencial para a mudança e a melhora da crise climática. No entanto, como transformar tais números gigantes em ações possíveis para todos? As saídas foram discutidas no 1º Fórum Futuro do Agro, organizado neste 20 de outubro pelo Globo Rural e o pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).

Executivos das três principais empresas produtoras de proteína animal do Brasil, e umas das mais importantes do mundo, mostraram como estão chegando cada vez mais próximos de transformar as metas de redução em realidade. “Não tem como um negócio ser sustentável sem antes ser rentável. Não existe uma coisa sem a outra, são sinônimas”, resumiu Paulo Pianez, durante painel no evento. 

Em fala que trouxe concordância entre os demais palestrantes, Pianez mostrou como a pecuária sustentável leva ao aumento de produtividade, e como esse ganho financeiro precisa ficar visível para os produtores, principalmente os pequenos.  “Qualquer projeto que exige inovação e tecnologia, também exige dinheiro. Se ele não tiver acesso ao recurso, o negócio não vai virar”, disse. 

Pianez lembrou que as pequenas fazendas são responsáveis por 75% da produção da carne bovina no Brasil, “mas existe uma dificuldade monumental em acessar dinheiro e recursos”, disse o diretor da Marfrig. 

Sustentabilidade e rentabilidade do dia a dia

Segundo Isabel Ferreira, diretora da Associação Rede ILPF, “existe um gap muito grande entre o produtor e Paris [alusão ao Acordo de Paris]”. Ela advoga em favor dos sistemas de integração lavoura, pasto e floresta e disse que todos os acordos internacionais e metas devem fazer sentido para o produtor e ajudar a fechar as contas da fazenda. “Não existe sustentabilidade sem o componente financeiro”, resumiu.

O componente financeiro não se traduz só no aumento da produção e no valor da carne, mas também no acesso dos produtores a crédito e financiamento mais barato. “Temos de trabalhar em modelos inovadores de negócio também”, apontou a especialista.

Paulo Pianez : descarbonização é possível

Apesar dos desafios, o mercado está se adaptando. A Marfrig, por exemplo, está investindo no Programa Verde+ e em outros projetos para levar tecnologia para a ponta da cadeia. “Precisamos levar tecnologia para ajudar o produtor a intensificar a produção. Isso é fundamental para “sequestrar” mais carbono”, apontou Paulo Pianez.

Os ganhos em melhoramento genético e em alimentação do gado também são palpáveis para a redução da emissão de metano e carbono nos pastos. “Usando um suplemento em projetos piloto, conseguimos emitir 30% menos no período de engorda, por exemplo”, revelou o executivo.