sustentabilidade pecuaria cop 28

Sustentabilidade da pecuária brasileira é debatida com boas perspectivas na COP 28

Em evento promovido pela Marfrig e BRF, Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, avalia que as mudanças climáticas já são uma realidade e precisam ser fortemente combatidas

Redação

em 5 de dezembro de 2023


Além da rastreabilidade de toda a cadeia produtiva, que é uma forma de garantir que os animais não sejam procedentes de áreas de desmatamento ou ocupação indígena, ou mesmo fruto de ações que prejudiquem o trabalho humano, outras boas práticas garantem a sustentabilidade na produção agropecuária. Por exemplo, o acompanhamento da cadeia produtiva, desde os fornecedores de insumos para as fazendas até o prato do consumidor, levando em consideração, também, o bem-estar animal. 

Nesse sentido, questões como agricultura regenerativa, melhoria genética dos animais, implantação de sistemas de rastreabilidade e melhor uso de recursos naturais, como água e energia elétrica (com ampliação de fontes de geração renováveis) foram temas de destaque durante a COP 28, evento que acontece em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, até dia 12 de dezembro. O objetivo do encontro é discutir metas para mitigação das emissões de gases de efeito estufa e avaliar se os compromissos assumidos pelos países, durante o Acordo de Paris, estão sendo cumpridos – ou quanto falta para que sejam atingidos.

No caso do Brasil, as principais questões para reduzir as emissões são o desmatamento e a adoção de boas práticas no setor agropecuário. “A diferença desta COP e das edições anteriores é que, antes, ainda havia um debate sobre a realidade do aquecimento global. Neste ano, sinto que a consciência se instalou. Não há dúvidas de que temos de tomar providências urgentes com relação ao clima. Afinal não se trata mais de qual planeta deixaremos para as futuras gerações, mas sim o que queremos para nós, hoje”, disse o Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, durante jantar promovido pela Marfrig, em parceria com a BRF, no dia 2 de dezembro, em Dubai. Cerca de 140 convidados estiveram no evento. 

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Em destaque na imagem: Carlos Fávaro (esquerda) e Marcos Molina (direita) – Foto: The Melrish Studio

Segundo o ministro, os efeitos do aquecimento global já estão sendo percebidos em todo o mundo, causando transtornos, dificuldades e incertezas, além de colocar as populações em risco. “Em função das ações sustentáveis adotadas pela Marfrig e BRF, parabenizo as empresas. Precisamos reverter os danos e continuar fazendo do agro nacional sustentável, um exemplo para o mundo”, disse ele, reforçando que essas boas práticas têm total apoio do atual governo. 

Marfrig terá 100% da cadeia rastreada

Marcos Molina – Foto: The Melrish Studio

Durante o encontro, Marcos Molina, fundador da Marfrig e presidente dos conselhos da Marfrig e da BRF, e Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade e Comunicação da Marfrig, apresentaram os principais resultados do Programa Verde+, que tem objetivo de tornar a cadeia produtiva da companhia 100% rastreada, livre de desmatamento e produzindo carne de baixo carbono, de forma inclusiva, mais produtiva e rentável para os produtores. E revelaram metas do programa para os próximos anos, além de investimentos e projetos inéditos. 

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Segundo Paulo Pianez, o Programa Verde+, lançado pela companhia em 2020, que tem como meta a rastreabilidade de 100% dos fornecedores diretos da empresa, tem resultados relevantes. “Isso foi um grande passo, e estamos renovando esse ciclo para os próximos três anos. Nenhuma outra empresa animal é tão bem avaliada quanto a Marfrig em relação aos critérios de ESG (meio ambiente, social e governança). Hoje, 85% dos fornecedores indiretos da Amazônia e 71% dos indiretos do Cerrado já fazem parte deste rastreamento”, afirmou. 

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Paulo Pianez

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Pianez também revelou os planos da companhia a partir de 2024, incluindo investimento de R$ 100 milhões no Programa Verde+ e a antecipação, para 2025, da meta de controle de 100% da cadeia de fornecimento de gado em todos os biomas (a meta inicial era 2030). Ele também citou o programa de recuperação de pastagens degradadas, a restauração ecológica, o projeto de agropecuária regenerativa, a melhoria genética do rebanho, as tecnologias de medição de carbono no solo, a produção de carne baixo carbono e carne carbono neutro certificadas, proteção à biodiversidade e o apoio a pequenos produtores. “Dentro deste processo, a inclusão de fornecedores, iniciada desde o começo de 2021, levou à regularização de quase 4 mil fazendas, para que esses produtores pudessem ser mantidos em nossa cadeia de suprimentos.Temos de estar muito próximos do produtor, e esse apoio é muito relevante para conseguirmos a rastreabilidade em 100% da cadeia”, frisou Pianez.

Segundo o executivo, os resultados do Programa Verde+ tornaram a Marfrig a companhia com melhor colocação entre as empresas de proteína animal do mundo, nos principais rankings de sustentabilidade, como o da FAIRR (Coller FAIRR Protein Producer Index 2023/24). “Fomos a primeira empresa do setor a adotar medidas de sustentabilidade, em 2009, para garantir que as compras de animais não sejam provenientes de áreas com desmatamento”, afirmou Molina. Em sua avaliação, antecipar a meta de 100% de rastreamento de 2030 para 2025 é um passo importante. “Precisamos seguir juntos. Por isso, contamos com o apoio total do governo, das ONGs, dos pecuaristas e das demais indústrias”, destacou. 

BRF também aposta na sustentabilidade no agro

A BRF, assim como a Marfrig, também apresentou sua jornada de sustentabilidade. “A Sadia, ainda antes de ser BRF, foi a primeira empresa no Brasil a emitir green bonds. Então, estamos felizes em chegar aqui com muitas entregas, com muitos produtos carbono neutro já lançados na COP 26, em 2021, e, ainda, trazermos novidades”, disse Raquel Ogando, diretora de Reputação e Sustentabilidade da empresa. “O nosso programa de sustentabilidade tem governança muito bem estabelecida, com envolvimento da administração, e estamos focados em mudanças climáticas”, completou. 

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Raquel Ogando

A companhia anunciou, em 2021, o desafio de zerar as emissões e, para isso, adotou energias renováveis, caminhando para tornar a sua matriz energética cada vez mais limpa. Atualmente, a empresa, controlada pela Marfrig, é uma das pioneiras no tema de bem-estar animal. “Sabemos que o desafio da sustentabilidade começa no início da cadeia, por isso, mantemos os trabalhos de responsabilidade social. O Instituto BRF, que está completando 12 anos, atua em mais de 70 municípios do Brasil, trabalhando o desenvolvimento sustentável nas comunidades. Um dos grandes valores que temos em conjunto com a Marfrig é o fato de executarmos aquilo que é proposto e prometido, para a melhoria ambiental, bem-estar animal e sustentabilidade da cadeia, o que envolve todos os trabalhadores envolvidos”, concluiu.